segunda-feira, fevereiro 27, 2006

um toque...


navegar na tua boca
húmida
de sabor a sal

impregnada
estremeço lírica
no terror dos arrepios

uso a manhã crispada,
renasço todos os dias
vestida de frio

avanço entre sombras andantes
antes de envelhecer
onde as palavras caminham

queria tremer
sentir furiosamente
um toque de uma boca ...

l.maltez

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

dou ...



dou-te o tudo e o nada!
a lonjura da minha
íngreme estrada,
as auroras
que há no mundo,
os solstícios e equinócios
meus sonhos
em horas d'ócio,
dou-te as argentinas pérolas
das chuvas de verão,
os cristais translúcidos
que nevam em meu coração,
as ondas dos mares do sul
dos meus desejos!

dou-te as brisas austrais
por entre beijos,
o verde das florestas
luxuriantes
palavras de mel,
mais reais que no papel,

se este for o preço
para pôr um sorriso em tua boca
então,
...meu amor, minha vida,
valerá a pena gritar teu nome
até ficar rouca!

valerá então amar-te como uma louca
porque viver sem ti
é coisa pouca...

l.maltez

sábado, fevereiro 18, 2006

teu olhar no meu...



toquei na noite,
desci em silêncio até ao mar,
numa aparência frágil de felicidade
senti o teu olhar, no meu
inquieto de incertezas,
vagueando sem limites
na sombra,
despejei palavras
que flutuaram no tempo,
palavras que se deixaram
arrastar pela corrente
como gemidos,
e caio contigo
num suave sonho
que persegue a solidão,
os teus olhos dão-me de novo um sinal,
sinto um murmúrio perto de mim
reconheço a tua voz
em músicas simuladas
e serenamente ambos
conseguimos dizer
amo-te ...

l.maltez

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

a imagem do inverno



cruzei-me contigo ontem no denso granizo da noite, a dureza do dia transformou secamente o rosto gasto dos silêncios das sombras. lembra-me o teu nome invernoso, negro e pesado, o vicio onde transformei as mãos amarelecidas e secas de tanto fomentar. não grites, já não te ouço, a tua voz é um eco delicioso eterno no silêncio das noites misturadas, a solidão é cega e fria.

falta-me o túnel do sono invencível. entras na companhia do vento inconcusso, um vento indiferente. os dias chegam ausentes, agasalhados nas asas de nuvens cinzentas, desarrumadas de imagens, ninguém corrompeu o sentimento do teu tempo e tu voltas sempre no mesmo dia à mesma hora.

guardo a imagem do sonho turbulento. o sonho que parece ser real, o ranger das portadas de madeira, o fragor dos vidros, onde escuto o crescer da maré, dobrado no arrepio ameaçador do inverno. a insistência em ficares envolvido nos tons cinzentos de olhar ameaçador, afogado nas águas estagnadas. guardo a solidão dos dias que trazes, sem tons, indecisos e repisados.

empurra-me deste frio que desanima e arrefece o corpo, deste inverno que me cansa.

l. maltez

sábado, fevereiro 04, 2006

imagina!



imagina a madrugada,
e
um céu sem estrelas
ou a noite fria sem luz

sim imagina,
a luz de um farol,
os olhos de alguém que amou

imagina o destino,
o que passou e não se cumpriu
a inesperada hora de felicidade
numa breve noite de amor

sim imagina,
a ternura dos apaixonados
abraçados na sombra esquecida,

imagina o frio,
ou o calor caminhando lado a lado,
uma porta que não se abriu
por uma vida que os separou

sim imagina,
a ausência de uma loucura
uma mão que te diz adeus,
aves que bailam a voar

imagina o silêncio,
a melodia de um instante
o tempo que nunca é longo

sim imagina,
que tu e eu seremos o imortal sentimento!


l.maltez

  o teu sorriso no esplendor de uma suave explosão chega a mim o teu sorriso. aflui com emoção e calor, como sonhos mesclados nos en...